sexta-feira, março 27, 2009

Fight

Show me what else is there.

quinta-feira, março 19, 2009

70 minutos


Espera mais deprimente. Nada conheço como antigamente. Queria tanto voltar a percepcionar as coisas como uma criança. Era tudo tão mais simples. Era tudo novo, natural. Pequenas coisas eram sinónimo de entusiasmo. Entusiasmo que, hoje em dia, poucas vezes sinto. Hoje é tudo complicado, é tudo ridículo, é tudo tão questionável. Não tenho medo. Ando apenas apreensiva. Parece que só encontro paz em determinados momentos quase imperceptíveis.
Isolei-me demais de tudo e todos. E porquê? Em parte sei a razão, mas teve várias causas. Foram-se empilhando lentamente e deixaram-me onde hoje estou. Queria mudar. Queria voltar a ter parte da vida que tinha antes para pelo menos ter a certeza que não perdi tudo o que me definia. Como fazer? Até sei o que provavelmente ajudava, mas implicava sacrificar demais à custa de uma simples descoberta. O que é verdadeiramente importante afinal? Estarei a pensar demais outra vez?
Há muito tempo que não tinha necessidade de escrever. Quando tenho, é porque algo cá dentro me atormenta. Gostava de estar em paz.
Aqui jaz Joana. Filha, irmã, prima, sobrinha, neta, namorada, amiga. Demasiadamente crítica, extremamente sensível, ingénua, sempre procurou a utopia.
As coisas que as pessoas escondem por detrás de um sorriso... É pena ninguém ver por detrás dos meus. Ou não. Se a tempestade onde eu viajo fosse vista por alguém, provavelmente seria internada. Será um extremo? Talvez. Vou escrever um livro. Todos escrevem hoje em dia. Pode ser que seja reconhecida depois de morta. Pode ser que nessa altura já me consigam decifrar. Gostava de me ver decifrada. No fundo todos precisam de ser decifrados. Ninguém é aquilo que aparenta ser. Até que ponto somos capazes de realmente conhecer um pessoa? Conhecemos hábitos, expressões, manias, olhares, corpos, mas e o cérebro? A mente negra de cada um!? Nunca vamos saber...
Tantas pessoas olham para mim diariamente. O que será que vêem? o que verão para além da aparência física? Uma míuda insegura? Confiante? Forte? Frágil? Arrogante? Simpática? Já ouvi dizer muitas coisas. Mais vale nem pensar. Apesar de não me atormentarem, os pensamentos dos outros deixam-me curiosa.
É tão estranho o que se faz para agradar alguém em especial. Qual é a razão de se criarem laços com alguém, quando a qualquer momento os laços podem ser quebrados da noite para o dia, deixando mágoa e rancor. Qual é o sentido disto se ninguém ama ninguém? Todos querem a perfeição, apesar de ela ser enfadonha. É sonhado ter a perfeição por um dia. O complicado atrai-nos. O diferente repugna-nos. Odeio isto tudo. Odeio pessoas.
Passaram 30 minutos. Restam-me 40. Estou a desfazer-me. 30 minutos nisto? Como é que é possível Joana? As pessoas olham-me de lado. Apetece-me dar um murro a cada uma delas. E se ficassem todos cegos? Não me viam, sentiam só. Era melhor, era mais giro, coitados. Invasão de pensamentos macabros. É melhor parar.