sexta-feira, abril 21, 2023

Corvo

Cor negra.
Mexes-te depressa.
Assumo que procuras um cadáver.
É isso que conheço da tua espécie.

Porquê?

Uma qualquer memória de infância. 

Terá sido um jogo?
Uma conversa?
O coração das trevas?

Assumo que te vou ver a debicar um globo ocular.
Assumo que vou ver sangue e nervos.
Assumo que andas de mãos dadas com a morte. 

Encontro-te pela cidade e pelos campos.
Tu nem olhas para mim, andas ocupado nos teus afazeres. 
Eu decido dar-te importância, conteúdo e essência. 

Equivocada sigo. 
Ancorada a ilustrações surrealistas.
Atracada a sentidos que só se comprovam no meu imaginário.  

Cor negra.
Mexes-te depressa.
Assumo que procuras um cadáver.
É isso que conheço da tua espécie.

Está frio e chove.
Paras à minha frente.

Olho para ti.
Tu olhas para mim. 

A minha espécie vira tua,
a tua espécie vira minha.

Damos as mãos.
Formam-se estradas. 
Vagueamos por contratempos. 

Eu sempre fui negra
e tu sempre formaste um pedaço de mim.

domingo, abril 02, 2023

Vamos falando

Quantas vezes serão ditas estas duas palavras com a genuína intenção de se ir falando?

Quantas vezes se vai mesmo falando?

Conta.