Cor negra.
Mexes-te depressa.
Assumo que procuras um cadáver.
É isso que conheço da tua espécie.
Mexes-te depressa.
Assumo que procuras um cadáver.
É isso que conheço da tua espécie.
Porquê?
Uma qualquer memória de infância.
Terá sido um jogo?
Uma conversa?
O coração das trevas?
Assumo que te vou ver a debicar um globo ocular.
Assumo que vou ver sangue e nervos.
Assumo que andas de mãos dadas com a morte.
Encontro-te pela cidade e pelos campos.
Tu nem olhas para mim, andas ocupado nos teus afazeres.
Eu decido dar-te importância, conteúdo e essência.
Equivocada sigo.
Ancorada a ilustrações surrealistas.
Atracada a sentidos que só se comprovam no meu imaginário.
Cor negra.
Mexes-te depressa.
Assumo que procuras um cadáver.
É isso que conheço da tua espécie.
Mexes-te depressa.
Assumo que procuras um cadáver.
É isso que conheço da tua espécie.
Está frio e chove.
Paras à minha frente.
Olho para ti.
Tu olhas para mim.
A minha espécie vira tua,
a tua espécie vira minha.
Damos as mãos.
Formam-se estradas.
Vagueamos por contratempos.
Eu sempre fui negra
e tu sempre formaste um pedaço de mim.