quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Lágrimas de papel





Uma lágrima, duas , três...

A razão sei eu muito bem.

Elas querem saír mas ainda hesitam.

Talvez por vergonha não admita.

Soltou-se uma, e outra logo a seguir.

O sentimento cresce, raiva que ainda mais me irrita.

Percorreram os traços da minha cara e pararam nos meus lábios.

Estou presa, condenada à escuridão.
E mais uma segue exactamente o mesmo caminho que outra percorreu.

Sei que se trocássemos muito pior seria.

Já não há mais lágrimas.

Por isso aqui fico, porque nada do que eu disse diria.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Não sou eu

Não percebo os rodopios, não entendo os gritos.
Não oiço nada, não vejo onde estou.
Não quero olhar para ti, nem ouvir os avisos.
Não vou voltar atrás, porque digo, faço e sou.

Sou a mentira que permanece.
Sou a vontade que acredita.
Sou a fuga que endoidece.
Sou a necessidade que necessita.

Eu não preciso da verdade.
Eu não quero a ilusão.
Eu só quero a realidade,
dentro de uma falsa designação.

sábado, fevereiro 03, 2007

Fragmentos


Silêncios passam por ti despercebidos. Silêncios que dentro de mim se acomulam e ansiosamente procuram uma saída. Talvez a saída não exista. Talvez a saída esteja fora do meu alcance, fora do meu corpo, fora da tua mente. A tua mente ou recusa ou não entende, talvez para ti seja transcendente, como o é para mim. Mas tu tens um transcendente diferente do meu. A tua transcendência é ainda mais distante do que o transcendente.
Infinitas palavras passam ao teu lado. Infinitas palavras com apenas um significado que flutuam à minha volta, que em mim entram e saem sem serem ouvidas. São palavras de apelo distorcidas pelo tempo, mas não perdem a simplicidade nem o significado primordial. E ficam ali, estagnadas, na esperança de um dia serem decifradas.
Olha para ti, olha à tua volta e agora olha para mim... Quem és tu? Quem são os outros? Quem sou eu?
Sou um labirinto e tu estás cá dentro adormecido.
Acorda!
Olha para trás, vê o que já atravessaste. Vê tudo o que em mim descobriste, tudo de mim que em ti marcaste. Tudo que de mim aprendeste, tudo que de mim evitaste, tudo de que me protegeste.
Temos suficientes diferentes e certezas guardadas que temos medo de partilhar, porque no fundo queremos a ingenuidade empírica do momento. Leva-me para a nossa solidão e deixa-me ser invadida pela multidão que só nos teus olhos encontro.