sábado, junho 28, 2014

Fugir? Só quem tem medo

Conclusão de um momento em que me vi perdida. O que é que aconteceu? Perdi o equilíbrio. Perdi-me.

Voltei a sentar-me no chão.
Voltei a deixar tocar algo que me toca.
Voltei a sentir o sal nos meu lábios.
Voltei a ter um sonho (mau).

Ligaram-me e não consegui falar.
Falei sem a alegria, sem a convicção que me tem definido. 
Desliguei do mundo, porque não quero que o mundo me veja fraquejar. 

Os meus olhos estão brilhantes. O meu corpo pede um canto, um lugar escuro e isolado. 
A minha cabeça pede uma pausa.

Tenho tanto com que me preocupar agora. Não faz sentido deixar-me invadir por esta onda que tudo dentro de mim devasta. Mas deixei. Estou a deixar. Não estou a ter forças para empurrar isto para fora. Estou tão cansada. 

Tenho-me deparado com várias criaturas estranhas a rodearem o meu espaço. Batem à porta a todas as horas. Dia, tarde, noite. Fazem-me rir. Dizem-me palavras bonitas. Umas mais que outras. Vários sentidos, intenções diferentes. Abro a porta para espreitar. Troco umas palavras, talvez um beijo e fecho a porta a quantas chaves for possível. O que falta? 

Por entre as vertiginosas histórias seria de esperar que não me voltasse a sentar no chão, que não deixasse a tocar algo que me toca, que não voltasse a sentir o sal nos meus lábios, que não voltasse a ter um sonho (mau). Seria de esperar apenas. Com toda a racionalidade encaro o que está a acontecer e sei que estou a esquecer o essencial, estou a deixar que uma qualquer boa memória mascare conclusões reais que me transformaram na pessoa que agora penso ser. 

Não quero partilhar o meu estado. Não quero que tentem interpretar o que estou a sentir. Não quero que tirem conclusões erradas. Fico comigo, só comigo. Que flua cá dentro tudo o que há para fluir. Que doa, que magoe, que me faça ser invadida pela saudade de outros tempos em que fui feliz de uma maneira diferente da que sou agora. Não voltaria atrás por nada deste mundo, mas acho que ter saudades é um direito que tenho: "as coisas vulgares que há na vida não deixam saudade, só as lembranças que doem ou fazem sorrir". 

Agora vou ficar aqui. Até me fartar. Até querer erguer-me para outro caminho. Sei que não vai demorar, mas vai consumir e eu vou deixar, porque às vezes é disso mesmo que precisamos para sair mais depressa. Não tendo pressa, não tentando evitar o que se passa. Senti-lo, vivê-lo e deixá-lo ir, assim como veio. 

Sem comentários:

Enviar um comentário