domingo, janeiro 11, 2015

Um dia peço-te em casamento

Bastou um telefonema.  Do outro lado ela ouviu a palavra "sim" e todo o seu corpo se inundou de adrenalina. Sorriu de felicidade. Quase chorou de felicidade. Parecia uma barata tonta a andar de um lado para o outro pela casa. Pôs a tocar todas aquelas músicas que sempre a encheram de boa disposição, aquelas músicas que dizem "ganhaste".
Olhando para trás, olhando para tudo o que viveu, tudo o que passou... Sim, parece que estava tudo escrito para ser assim. O timing foi o ideal - estava tudo na mesa por esta altura para ela se decidir pelo caminho certo. 
Não foi difícil decidir. Tomou finalmente as rédeas da sua vida e ganhou ainda mais força ao saber que todos os que realmente importam, a apoiavam incondicionalmente. Começou tarde, mas começou. E ainda há tanto para escrever nesta história. O ponto de partida foi agarrado e agora? Agora não há meta, porque ela sabe que não há nenhum limite ao qual se queira impor. Porque é que não foste sempre assim? Porque é que antes não acreditavas que podias dominar o mundo? 
Agora ela acredita. Agora, os pés estão assentes na terra, o equilíbrio foi atingido e não, não há nada nem ninguém que se possa meter no seu caminho. 

No outro dia dei por mim a olhar para ela em puro estado de hipnotismo. Ela só se estava a arranjar para sair para o trabalho, mas eu tinha à minha frente a imagem mais bonita do mundo. Enquanto trocava de camisola, penteava o cabelo, punha os anéis e o relógio ... Todos esses passos mundanos transformaram-se numa coreografia mágica, porque, como sempre, ela ia abanado a ancas para aqui e para ali ou fazia aquele movimento com os ombros daquele jeito só seu, ao ritmo da música que não dispensa ouvir logo pela manhã. Ela é linda e é minha. Ela é de outro planeta. E como eu a encontrei, ou melhor, como consegui que ela visse em mim alguém merecedor de observar todos os seus jeitos e manias, permanece um mistério. Ela podia ter quem quisesse, porque eu bem vejo como a olham, como gostam daquela cabeça aluada, divertida, inteligente, sempre com uma resposta na ponta da língua. Não a provoquem, ela tem sempre resposta e ganha qualquer discussão. E quando não ganha com os pontos todos, não tem vergonha de admitir que falhou. Ela atrai porque é linda, porque brilha e depois fala e arrebata corações, porque brilha ainda mais. 

Ela é minha. Não, não é. Ela é só sua e eu só a tenho porque aprendi que aquele fogo tem de ter toda a liberdade para arder e, só assim, é que ela será feliz. Sendo de alguém, mas sabendo que pode ser sua, sempre. Só me resta agradecer aos que não a viram. Aos que a tiveram, mas que não souberam lidar com a força que ela é. E, como sempre, se não a vêem, ela perde o interesse. Agradeço a todos os caminhos que ela percorreu, pois cada passo que ela deu, foi uma mudança de direcção para se aproximar cada vez mais de mim. Nem eu, nem ela sabíamos... Só no final (que nunca é o final), é que tudo faz sentido.

Um dia vou-lhe pedir em casamento, sabendo que nem aí ela será minha. Tê-la, é sobreviver às discussões de perder a cabeça, sabendo que cada uma delas transforma a nossa visão um do outro em algo maior e melhor. Tê-la, é conhecer o pináculo de fidelidade em todas as situações com que nos possamos deparar.  Tê-la, é saber que ela acredita que um dia vai andar comigo de mão dada, quando eu provavelmente já precisar também do apoio de uma bengala na outra mão. Porque sei que ela acredita no amor, sei que ela é romântica mas não o diz a ninguém. Sei que vou ter uma melhor amiga até que um de nós adormeça e não acorde mais. 

Ela é minha. E logo eu, a tenho a ela. Logo eu, que nunca joguei na lotaria. 

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