domingo, novembro 22, 2015

Frágil

Apenas de vez em quando. De vez em quando as minhas defesas ou as minhas capacidades de abstracção descem para níveis inferiores ao que eu quero. Nesses de vez em quandos, parece que as lições todas que aprendi ou as fugas que fiz deixam de fazer sentido. Mesmo que só por uns segundos, nesses momentos penso que com apenas uma palavra tua, atiraria todas as minhas crenças pelos ares e saltava de para-quedas para uma aventura contigo.
Se te afasto e passo dias sem pensar em ti sinto-me livre. Aliás, mais afastado que agora nunca estiveste. Ainda bem que te foste embora. Ainda bem que nos despedimos à chuva. Ainda bem que não nos queríamos despedir. 
Acho que tu és mais uma prova de que eu sinto as coisas em demasia ou que vivo momentos com uma intensidade mais forte do que o considerado "normal". Sempre fui assim. Sempre me perdi por causa disso. O que vale é que os anos realmente servem para algo e agora já sei reconhecer quando me estou a enterrar em sonhos. O caminho da salvação é deixar-me enterrar até que chega o dia em que percebo que já chega. O enterro é tão intenso que não pode durar muito. Consome-me. Consome tudo à minha volta. Dita os meus caminhos, dita as melodias que me rodeiam e dita o que serei a seguir. O a seguir é sempre melhor, mesmo que questionado pela estupidez de ter de passar pelos momentos maus. Vivo-os e depois saio e afasto-me deixando um abismo entre o agora e o que antes existia. É a minha forma de cura. Não, não é fácil. Não tem atalhos. Passa à velocidade que eu conseguir atingir e o que me salva pelo caminho é a certeza de que tudo passa. Leva anos por vezes, mas tudo passa. 

Dias como hoje, ou melhor, momentos como este (porque não vai ser mais que um momento, porque daqui a bocado já me esqueci do peso que senti no peito, porque a verdade é que realmente não é mais que isso: um momento) acontecem várias vezes. Confesso que já estive mais desligada, mas sempre que desligo aparece qualquer coisa que me volta de alguma forma a ligar a ti. Em todos os sentidos tu és a pessoa errada, mas fazes-me tremer. Em todos os sentidos tu não fazes sentido nenhum, mas quando olhas para mim nada mais existe. Em todos os sentidos o certo é ficarmos como estamos, mas neste momentos vou sempre desejar um sinal de vida teu. 

O momento já está a passar e tenho mais com que ocupar a minha cabeça. Fica por aí, seja lá onde for esse teu jardim e eu fico no meu. As despedidas já foram mais que muitas, o que faltou sempre foi dizermos adeus. 

domingo, novembro 15, 2015

Quando não consegui escrever

Há dois... Há um... 
Há o agora. 
Imaginá-lo seria impensável. Assim como o foi... Há dois... Há um...

Nunca é como imaginas, nunca estás à espera das coisas que mais em ti se entranham. Só percebes na altura do adeus. Quando mais uma vez algo não correspondeu ou quando algo apareceu apenas para ser explorado. Para te devorar as entranhas e depois sair sem se despedir. Mal educado! Não pede autorização para entrar e depois também se vai embora sem perguntar se te vai fazer falta, sem perguntar se ainda pode fazer algo por ti. Mal educado... Tu, ele e todos. 

Estive a ver os de há dois e os de há um... Foram situações tão diferentes, foram sentimentos tão novos. Foi tudo novo. A única certeza que tens de há dois, é que sentiste tudo o que havia para sentir e conseguiste salvar-te do tremor de terra a que tudo de ti foi sujeito. Hoje, revês esses momentos com nostalgia até. Não gostavas de voltar a passar por eles, mas se não fossem eles... Se não fossem eles, hoje não escreverias assim. O de há um ainda hoje te remexe as ligações racionais e irracionais. Remexe pouco, mas o suficiente para precisares de escrever. Mais uma vez, sem pedir autorização para entrar, entrou e saiu de rompante. Volta em ondas ou volta em memórias, mas volta. Dá voltas e voltas dentro de ti. Não querias e sempre disseste que não. No final... No final perdeste a batalha contra ti mesma. No final admitiste que afinal fazia todo o sentido.

Serão os finais sempre um sinónimo para "tarde demais" ou serão eles novos princípios ao percebermos o que queremos? Quando digo que algo chegou ao fim normalmente associo a conclusões, logo parece que chegou ao fim. No entanto, também sei que cada fim abre espaço a algum novo começo. É assim a volta... Só se começa algo depois de acabar algo que também algum dia começou. 

Sonho demasiado acordada. Deixem-me estar. 

sábado, novembro 07, 2015

O que aconteceu, afinal?

Há dias assim. Dias em que choras. Choras porque és humana. Choras porque às vezes é bom lembrar que ainda o tens dentro de ti. 
Foram as imagens que te passaram pelos olhos. Foi a vontade de te ver dentro daquelas imagens que te entristeceram. Não pode ter sido só uma vez! Não quero acreditar nisso! Não acredito e sei que não acredito, mas há dias assim. 
Deixei os livros de lado e encostei-me à almofada durante muitas horas. Às vezes é essa a meditação de que preciso. A forma antiga, o aconchego familiar.