Um semi-estranho a conduzir o carro.
Olhamos um para o outro através do espelho retrovisor.
Ele põe boa música a tocar no rádio.
Mexe-se da mesma forma que eu quando gosta do que ouve.
Canta. Mexe a cabeça. Olha para mim.
Eu quero mexer-me também.
Evito.
Conheço as músicas todas.
Não posso alimentar a química, vá. Não pode ser.
Ele conduz muito depressa.
Pára, não tenhas pressa, mas vai.
Gosto de sentir a velocidade.
Faz-me uma pergunta para eu responder com uma piada e fazer-te rir outra vez.
Não, não. Não sorrias assim.
A mão no volante.
Os olhos atrás dos óculos escuros.
O cabelo descuidado.
A mão no volante.
O sorriso.
A tua mão no volante.
E eu aqui atrás.
Em guerra contra a vontade de pôr essa mão em mim.
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