Pouco tempo em Amesterdão. O suficiente para perceber que tenho voltar a passear por aquelas ruas. O suficiente para perceber que tenho de me sentar a beber um copo de vinho num qualquer barco, num qualquer canal. Estava frio quando estive em Amesterdão. Não muito. O suficiente para eu achar que está muito frio. Não é preciso muito. Já foi preciso mais. Para eu achar que está frio.
A Night-Blooming toca. A primeira vez que a ouvi estava em Amesterdão. Sempre que a oiço (ouço? - ambas as formas são corretas - ok) transporto-me para o momento em que perguntei o que estava a tocar. Sempre que a oiço apetece-me dançar. E danço. E estou no meio de uma sala cheia de gente. E não vejo ninguém. E mexo-me e salto de um lado para o outro. E o cabelo abana. E os braços vão para a cima e para baixo. E um sorriso forma-se. E quase que me emociono com esta imagem.
Já dancei muitas vezes embalada por esta voz e por esta batida em crescendo. Apetece-me dançar agora. Dançar mais uma volta antes de continuar a escrever. Será que escrevo de forma diferentes se for dançar e depois voltar? Será que volto com outras ideias? Não, não vou testar agora. Está frio e as duas mantas em cima de mim geram um certo impedimento. No entanto, o sorriso não sofre impedimentos e rasga-me a cara.
Only in darkness does the flower take hold, it blooms at night. Preciso da escuridão, da noite, de me perder, de me enterrar em sensações e ideias tenebrosas. Perco todo o otimismo e a esperança dissipa-se do meu universo. Tudo negro para que aos poucos possa voltar a deixar a luz entrar. A luz volta sempre a entrar. Há sempre uma fissura que chama a claridade e, pouco a pouco, permito-me voltar a ver o mundo através das lentes boas. Através das lentes que devia usar todo o tempo, porque está tudo bem, porque se deixa a vida andar, porque não tem de ser tudo complicado. Será que consigo fazer a escolha sensata da próxima vez que for invadida pelo dark side? Será que consigo controlar isto? Sei lá. A informação está presente, mas também sei que às vezes é preciso irmos dar um passeio ao fundo de nós para voltarmos iluminados. Para sermos mais nós.
Por agora fico com a música. Com esta e com todas as outras que me embalam e dão mais sentido aos meus dias.
E deixo-me maravilhar com a conclusão que sempre tive uma flor favorita.
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