terça-feira, outubro 03, 2006

Fantasmas

Não sei o que querem, não sei de onde vêm nem para onde vão.
Surgem de ideias e ligações.
Perseguem.
Atormentam.
Persistem.
Formam uma nuvem que desafia a confiança e empalidece a certeza.
Aparecem depois dos fins que acabam por ser novos princípios, quando a fragilidade aparentemente desaparecida ainda tem vida.
Quero fazê-los desaparecer, mas sozinha não consigo, não tenho forças.
Quero esquecer e só pensar no agora, mas o agora existe por aquilo que foi ouvido antes, pela escolha em acreditar no momento depois de todo o sofrimento.
Perseguem.
Atormentam.
Persistem.
Será que existem?

domingo, outubro 01, 2006

Fim de Tarde

O mar à frente, a guitarra atrás. Dois sons envolvidos, comprometidos entre si.
As luzes formam reflexos na água. Reflexos vivos, embalados pela maré.
Os barcos flutuam.
As rochas, que já a tanto assistiram, permanecem imóveis, intransponíveis.
A lua ilumina o céu que parece estar tão perto.
E olho para ti.
Adormeceste ao meu colo e em ti vejo descanso, vejo paz.
Olho para ti, para a tua cara adormecida em mim, olho à minha volta e sinto um sorriso a rasgar-me a cara.
Um sorriso que se formou sem querer, um sorriso pelo momento. O momento em que ter-te indefeso nos meus braços, olhar para ti e passar a mão pelos traços da tua cara, bastou para ser perfeito.
Senti-te meu.