sexta-feira, maio 05, 2023

Isto não se chama afasia

Esquece as filosofias,
Presunções, sabedorias.
Levada por impulso,
Escrevo linhas em forma de verso.
Escrevo para me salvar de algo.
Talvez para me esconder do universo.
 
Percebo que escrevo para ti.
Tento parar, não consigo.
Tira as tuas mãos de mim,
Vamos lá parar com as fantasias.
Isto não tem sentido.
 
Parar? Travar?
Não.
Não eles. 
Não agora.
 
Não agora que já te vi ao fundo das escadas.
Não agora que parei à tua frente e te olho nos olhos.
Não agora que a pressão magnética me obriga a dar-te um beijo.
 
O mundo congela.
 
Os teus lábios encontram os meus, mordem os meus, comem os meus.
A tua língua brinca com a minha, pede-me mais.
As tuas mãos descem pela minha cintura,
apertam-me, deslizam, 
apertam-me, sobem, 
apertam-me contra ti.
Agarras-me o cabelo para trás, beijas-me o pescoço.
Solto um gemido ao teu ouvido,
apertas-me com mais força.
Envolve-te em mim, prende-me os braços,
Faz com que me contorça.
 
Roupa arrancada espalha-se pelo chão.
Tocas em mim, vês como me deixas.
Pego em ti, vejo o que te faço.
Brincamos por entre beijos,
suspiros e sussurros.
Corpo contra corpo.
Sentidos envolvidos são já poucos.

 
Levados por instintos.

 
Parar?

Talvez.


Se formos loucos.

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