domingo, fevereiro 16, 2014

Divaga

Foram passear.
Encontraram-se acidentalmente de propósito.
Há muito tempo que não sentia os olhos dele percorrer as linhas dela. Tinha receio que esses olhos a agarrassem outra vez. Andaram durante horas.  A cidade parecia contente de os ver outra vez preencher as ruas com os seus passos em conjunto.
Assim como um música às vezes parece escrita para um determinado momento, tudo ali parecia fazer sentido. As piadas antigas saíram do caixote, os risos cúmplices formavam uma sinfonia tão familiar, mas também tão diferente. O tempo muda as pessoas... Muda as vontades, muda as ideias, muda o que procuramos. Apesar de se sentirem em casa, ambos sabiam que não podiam estar mais longe da casa que um dia foram.

O que um dia nos magoou mais do que alguma vez poderíamos imaginar, tende a ser posto de lado quando nos encontramos nestes momentos. Posto de lado, não esquecido. Posto de lado, apenas por uma efemeridade de tempo. Principalmente por ela. Ela não esquece. Ela sabe e sempre soube mais do que ele alguma vez possa ter pensado. E, por tudo isso, os breves momentos de fraqueza são imediatamente apagados e engolidos pela racionalidade. Engolidos pela mágoa que não persiste, mas que já fez doer todas as partes do seu corpo.
Ela desapareceu do mundo dele. Sabe que não pode lá estar, não quer, não quer que alguém que não a respeite faça parte do seu mundo. Aprendeu que todos os dias fazemos escolhas sobre quem deixamos entrar e ficar na nossa vida. Muitas das portas que abriu nos últimos tempos foram um erro. Não se arrepende, mas percebeu que agora estava na altura de escolher com pés e cabeça.

To be continued...

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