terça-feira, fevereiro 25, 2014

Arrependimento ZERO

Conhece-o desde que se lembra de existir.
No entanto, contam-se as palavras que trocaram.
Era mais um no mundo.
Encontravam-se anualmente em eventos de amigos em comum.
Para além do apressado "olá", pouco mais um ao outro diziam.

Atracção física? Claro que sempre existiu.
Mas não mais que isso, não mais que um pensamento.
Ambos sabiam que seria uma espécie de incesto.
Ela nunca teve interesse.
E tanto quanto sabia, ele também não.

Uma noite.
Muitos copos.
Elogios descabidos reproduzem-se na sua cabeça em tom de "blá blá blá".
7 da manhã e, como sempre, ela ainda dança.
Sem nada dizer, ele dá-lhe a mão.

Táxi.
Um beijo.
"Não. Pára. Não podemos."
Outro beijo.
Ela ri-se, tentando encontrar sentido no que está a acontecer.
O álcool não ajuda ninguém a pensar.
Ela desiste.

Saem do táxi.
Os beijos intensificam-se.
Os corpos pedem mais.
"Ouve, é melhor pararmos".
Ambos sabem que já não há maneira de parar seja o que for.
Pensa: ele sabe o que está a fazer... Merda... O que é que eu estou a fazer???

Deixam-se levar.
Era Inverno.
Mas não para eles.
Não naquele momento.

"Não contes a ninguém."
Despedida lenta.
Nada mais a dizer.
Sabem que não se vão encontrar durante muito tempo (e ainda bem).

9.30 da manhã, cai na cama e adormece.

Acorda 3 horas depois.
Senta-se na cama e percebe que não foi um sonho.
Ri-se ao relembrar a noite.
Nunca vai perceber o que fez com que o impensável acontecesse.
Aconteceu.
Ela não deve nada a ninguém.

Arrependimento: zero.

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