sábado, dezembro 13, 2014

Estive a Pensar em Ti

Não vou expor mais manias, intenções, ideias, realidades. Não vou ser indirecta, porque já nem o consigo fazer. Não vou dizer-te que só não vês porque não queres. Não te vou chamar. Não te vou sussurrar vontades ao ouvido. Não vou esperar por ti à porta do prédio. Não te vou sequer fazer rir. Não te vou mostrar a música nova que sei que gostarias. Não vou lembrar quando vesti a tua camisa. Não vou dizer-te para veres aquele filme que eu vi ontem. Não vou mandar mais mensagens com piada. Não vou jantar contigo. Não vou lanchar contigo. Não vou sorrir para ti. Não vou sorrir a pensar em ti. Não vou dizer-te mais que não posso. Não vou lembrar as noites. Não vou lembrar quando não me deixavas sair da cama. Não vou lembrar o dia em que apanhei um escaldão e tu não. Não vou lembrar que cantámos juntos. Não vou lembrar que dançámos juntos. Não vou lembrar o beijo que te dei de repente no pescoço. Não vou lembrar quando disseste que eu estava a derreter. Não vou lembrar os teus abraços de partir costelas. Não vou lembrar os beijos descontrolados enquanto alguém conduzia o carro. Não vou pensar na tua cara enquanto me despias. Não vou lembrar o olhar cúmplice que criámos. Não vou pensar na tua silhueta ao tirares a camisa. Não vou pensar nas tuas mãos. Não vou lembrar quando me deste a mão no restaurante. Não me vou lembrar que punhas sempre a música certa. Não vou lembrar que acendias velas. Não te vou contar mais as minhas histórias. Não vou ouvir mais as tuas histórias. Não vou lembrar como adorava o facto de odiares futebol. Não vou lembrar as gargalhadas constantes e simultâneas. Não vou lembrar as coisas em que acreditas. Não vamos dividir mais maços de tabaco. Não vou mais tropeçar na mesa ao lado do sofá. Não vou mais olhar para ti enquanto dormes. Não vais mais adormecer comigo por perto. Não vais mais pôr a mão na minha perna enquanto conduzes. Não me vou lembrar que és romântico. Não vais mais tentar saber o que se passa comigo. Não me vou lembrar das luzes do teu quarto. Não me vou lembrar quando cozinhaste de toalha. Não vou lembrar que às vezes nem precisávamos de falar.
Não vou lembrar como, de repente, por um pequeno instante, tudo pareceu certo.

Não me vou lembrar que hoje pensei em ti.

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