terça-feira, dezembro 23, 2014

Queda Livre

E assim, de um momento para o outro, ela decidiu carregar no botão de saída de emergência. Nos treinos foi ensinada a pensar rápido, reagir de cabeça fria, sem hesitações. Durante aqueles milissegundos de divagação inevitável e autorizada, sentiu os pulmões encherem-se de ar e deixou entrar mais do que a percentagem recomendada de oxigénio no cérebro. Todas as imagens ficaram bem mais claras. As ideias pixelizadas ficaram tão nítidas que parecia que ela as podia agarrar. Era isto que era preciso? Um momento de vida ou de morte para perceber que só se pode/deve agarrar ao que realmente vale a pena?

Carregou no botão... 

Agora era esperar pela altura certa para abrir o pára-quedas. Mais uns milissegundos autorizados de divagação. Ela é tão pequena no meio de tudo o que existe no mundo. É pequena, mas sabe que faz a diferença no mundo de uma ou de outra pessoa. E, só por essa razão, vale a pena manter-se por aqui. Sem modéstia. Os pequenos mundos que enche agradecem-lhe e isso basta-lhe. Os mundos que fogem... Esses não merecem mais a sua atenção. 

Hora de abrir o pára-quedas.

Aterragem prevista num admirável mundo novo.

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