Rugas. Sorrisos Cravados
sexta-feira, setembro 26, 2025
quinta-feira, maio 08, 2025
quarta-feira, maio 07, 2025
Fugir ao olhar
Não sei quando aconteceu.
Não sei se foi ontem ou há mais tempo.
Um dia ouvi que não desviava o olhar.
Hoje falo e fixo os olhos nos lados.
Desboto os lados como que para aumentar dioptrias.
Fujo dos olhos, do que me está a ser dito,
interrompo frases e falo por cima.
Um dia ouvi que não desviava o olhar,
que fixava os olhos,
que não receava a verdade que me era dita.
Um dia tinha uma confiança diferente, menor,
reduzida, limitada talvez.
Hoje noto isto.
Paro.
Penso.
Analiso momentos.
Hoje quem sou eu?
Não quero ser a pessoa que foge aos olhares,
que se esconde em desfoques oculares propositados.
Procuro resposta.
Deixo de escrever.
Procuro quem sou agora.
Reflito sobre isto e imagens invadem-me a cabeça.
Imagens finais de alguém que durante vários dias perdeu a capacidade de focar o olhar em mim.
Sei que ela queria, mas já não conseguia.
Agora ando eu aqui a desfocar olhares.
Talvez para chegar mais perto daquilo que sentiste,
talvez para te desculpar,
talvez para confirmar que tudo foi involuntário.
Tu querias olhar para mim, mas já não conseguias focar.
Eu procurei, procurei e procurei.
Para ti cantei.
E quando te vi mudar de cor, vi também os teus olhos fecharem.
Nunca mais souberam focar.
Talvez agora te procure nos desfoques involuntários,
talvez estejas por lá à minha espera,
com outro foco, noutra parte da existência.
Talvez lá te seja possível focar outra vez
e vejas o tudo que de ti em mim trago e a falta abismal que me fazes.
sexta-feira, setembro 20, 2024
Espaços temporais
Escreve até não poderes mais.
sexta-feira, fevereiro 16, 2024
Listas telefónicas
Nunca tive (ou tive e não me lembro) uma lista telefónica que não fosse digital. A minha mãe tinha uma (ou teve várias). Eu lembro-me da pequena lista telefónica verde com um desenho de um morango.
É preciso ligar a alguém, vamos buscar a lista telefónica. Nela encontramos todos os números importantes e também todos os números que se tornaram obsoletos. Vamos comprar uma lista telefónica nova? Transferir os números de telefone de uma para a outra era uma tarefa morosa, provavelmente cheia de pequenos enganos e, por sua vez, de contactos perdidos para sempre.
Hoje, nas listas automaticamente sincronizadas por contas e merdas, os números ficam gravados para sempre a não ser que os vamos intencionalmente apagar. O que terá mais impacto: renovar uma lista telefónica analógica e intencionalmente não copiar determinados contactos (e deitar fora a lista antiga perdendo assim qualquer chance de obter o número de telefone de volta) ou ir apagar digital e intencionalmente os contactos de pessoas cujo potencial presença deixou de fazer sentido nas nossas vidas? O que terá mais impacto no nosso interior? Tanto de uma forma como de outra, sabemos que existe sempre alguma forma de se obter novamente um número, mas estou a romantizar, sim. Qual a novidade aí?
Apaguei muitos números que deixaram de fazer sentido guardar. Largo números, largo pessoas e largo impulsos futuros que se possam materializar em momentos cringe derivados de fragilidades emocionais. Bem sabemos que a vida é feita de momentos em que nos deixamos levar pelas emoções. Nada de errado com isso, mas a verdade é que pouco se ganha com determinados impulsos.
Largo contactos. Rasgo uma página. Risco o nome e o número com muita força com uma caneta até que deixe de ser visível. Sim, romanticamente, antigamente é que era bom. Tudo tão recheado de simbolismo. Hoje, toca-se duas ou três vezes no ecrã e o nome da pessoa desaparece. Será tudo mais fácil ou tudo mais complicado? Será tudo mais descartável, substituível, mais banal?
Largo fantasmas. Alguns já com barbas, outros que nem à puberdade chegaram. Largo todos. Romanticamente, só assim o podias fazer. Tu.
terça-feira, fevereiro 13, 2024
domingo, fevereiro 11, 2024
The order that lies in the chaos
quinta-feira, fevereiro 01, 2024
Procura-me nas reticências
sinto-te perto.
Amor,
estou de braços abertos.
Amor,
segunda-feira, janeiro 29, 2024
Apocalipse
sábado, janeiro 06, 2024
Se a chuva molhar a roupa que está a secar
quinta-feira, dezembro 28, 2023
domingo, novembro 19, 2023
quarta-feira, novembro 15, 2023
Como os gatos
Quanto mais tempo passa
e o abismo entre nós já nem de ponte se atravessa,
mais claro se torna que vivemos várias vidas.
Talvez sejam sete.
Como os gatos.
sexta-feira, novembro 03, 2023
Não são só os elefantes que fazem viagens
quarta-feira, novembro 01, 2023
Habitua-te ao acaso
terça-feira, outubro 31, 2023
Feeling big, small, scared, at ease
All of our stories in her story. E a noção cada vez mais presente de que isto tudo passa demasiado rápido.
segunda-feira, outubro 30, 2023
Entre os 34 e os 35
domingo, outubro 29, 2023
sábado, outubro 21, 2023
(Quase) Todas as minhas coisas maravilhosas
domingo, outubro 08, 2023
Acto 2 - as histórias que se contam
sábado, outubro 07, 2023
Quero percorrer as tuas pernas com uma caneta
sexta-feira, agosto 25, 2023
domingo, julho 16, 2023
Kintsugi
sábado, julho 15, 2023
quarta-feira, junho 07, 2023
Blah
quinta-feira, junho 01, 2023
You turn me on
Everything is collapsing, dear
All moral sense has gone
It's just history repeating itself
And babe
quinta-feira, maio 25, 2023
Nina
Gostava de ser uma voz gravada numa canção para alguém daqui a 70 anos ouvir e (des)aprender algo sobre o amor.
domingo, maio 14, 2023
Corda bamba
sexta-feira, maio 05, 2023
Isto não se chama afasia
Presunções, sabedorias.
Levada por impulso,
Escrevo linhas em forma de verso.
Escrevo para me salvar de algo.
Talvez para me esconder do universo.
Tento parar, não consigo.
Tira as tuas mãos de mim,
Vamos lá parar com as fantasias.
Isto não tem sentido.
Não eles.
Não agora que parei à tua frente e te olho nos olhos.
Não agora que a pressão magnética me obriga a dar-te um beijo.
A tua língua brinca com a minha, pede-me mais.
As tuas mãos descem pela minha cintura,
apertam-me, deslizam,
Agarras-me o cabelo para trás, beijas-me o pescoço.
Solto um gemido ao teu ouvido,
apertas-me com mais força.
Envolve-te em mim, prende-me os braços,
Faz com que me contorça.
Tocas em mim, vês como me deixas.
Pego em ti, vejo o que te faço.
Brincamos por entre beijos,
suspiros e sussurros.
Corpo contra corpo.
Sentidos envolvidos são já poucos.
Se formos loucos.
segunda-feira, maio 01, 2023
Lucidez
está cheia de aviões.
São todos de papel
andam por lá aos encontrões.
sexta-feira, abril 21, 2023
Corvo
Mexes-te depressa.
Assumo que procuras um cadáver.
É isso que conheço da tua espécie.
Porquê?
Uma qualquer memória de infância.
Terá sido um jogo?
Uma conversa?
O coração das trevas?
Mexes-te depressa.
Assumo que procuras um cadáver.
É isso que conheço da tua espécie.
domingo, abril 02, 2023
Vamos falando
sexta-feira, março 31, 2023
segunda-feira, março 27, 2023
E assim, sem demora
sem demora,
enquanto se tenta fugir a simbolismos,
a orquídea dá flor.
segunda-feira, março 13, 2023
Era uma vez uma Hera
quinta-feira, março 09, 2023
De repente. Não mais que de repente.
Náusea.
Gosto muito mais em inglês: motion sickness.
Menos enjoativo.
Além disso é o nome da música que me trouxe aqui. Começou a tocar de repente e de repente, não mais que de repente, eu estava em Madrid com a C. De repente, não mais que de repente, chego à conclusão que esse evento foi há 10 anos e sinto-me nauseada. Positivamente nauseada. Nauseada porque de repente, não mais que de repente, todas as sensações, ideias e ingenuidades de uma vida com menos 10 anos de experiências em cima tomaram conta da minha cabeça. De repente, não mais que de repente, eu estava em Madrid a dançar, a cantar, a ser idiota pelo Retiro e a ver o mundo a passear enquanto bebia uma cerveja na varanda do D.
De repente, não mais que de repente, fiquei leve.
quarta-feira, março 08, 2023
segunda-feira, março 06, 2023
Vou contar-vos uma história
Uma história daquelas bem simples. Uma história que, de tão simples, nem valeria a pena contar, não fosse a minha vontade.
A história acontece numa cidade perto do mar. Há sempre uma brisa no ar que vai ditando o que cada um sente. Parece que brisa traz com ela todas as verdades do mundo. E frio, também traz algum frio à noite.
Os dias passam e a nossa protagonista perde-se em horas passadas na praia, perde-se em horas a tentar ter conversas que a enriqueçam. A tolerância para conversas banais parece cada vez mais escassa. Não sei se o hei-de definir como falta de capacidade ou ganho de perspectiva. Seja qual for a definição que melhor se aplica, nem uma, nem outra é negativa. Todos os papéis espalhados pelo quarto, as mensagens deixadas na areia, a tatuagem no banco de jardim formam os pedaços da história que não vale a pena contar. Ella, a protagonista deste espaço e de todos os que ainda não atravessou, gostava de deixar pedaços do que lhe vai na alma espalhados por aí. Por essa razão, a cidade perto do mar, conhece-a melhor que ninguém.
Enquanto Ella acorda para mais um dia de ociosidade, os pescadores já lançam as redes em alto mar para procurar alimento para tantos outros que sabemos que por aí andam, mas não conhecemos. Ella não seria capaz de ser pescadora. O mar, tanto a arrebata com a sua beleza infinita, como a enche de medo quando nos dias cinzentos bate contra as rochas sem a menor compaixão.
Ella encheu-se de novas perspectivas nos últimos tempos. Coisas da vida, circunstâncias, momentos, são agora apreciados e vividos de uma maneira diferente. Uma maneira mais rica, talvez. Tudo isso contribuiu para que o encontro daquele dia não passasse despercebido a Ella. Deitada na relva do jardim, enquanto lia palavras que alguém escreveu, parou ao sentir algo pousar no seu braço. Rapidamente enxotou o pequeno bicho que lhe fazia cócegas e antes que pudesse voltar a pousar os olhos nas palavras que outro alguém escreveu, viu-o. Era ele... Nunca o tinha visto antes, mas sabia que era ele. Moreno. Cabelo descuidadamente charmoso. Barba charmosa no seu descuido. A maior surpresa: estava a ler as mesmas palavras que outro alguém escreveu que ela. Não vou contar que palavras liam, porque começaria aí a pensar nessa história e não nesta, que de interessante, não tem nada.
A leitura do livro passou a servir de disfarce a partir daquele momento. Ella era assim. Podia estar submersa nas suas ideias e no seu mundo, mas se algo captava a sua atenção, o protagonismo era reassumido. Rapidamente percebeu que ele também a observava e que usava a mesma camuflagem de páginas cheias de palavras que ela. O seu coração começou a bater com mais força. Envergonhada pela descoberta focou o seu olhar na primeira palavra que viu: Roma.
Ella era assim. Independente e confiante até a timidez de criança inocente se apoderar de todas as suas entranhas.
Encadeada pela palavra e pelo sol que teimava em bater contra o livro, demorou, sabe a brisa quanto tempo, a reparar que ele se tinha sentado ao lado dela. Levantou-se abruptamente e olhou para os olhos dele. Os dois com os livros na mão... Os dois... Dois estranhos a olhar um para o outro... Desataram às gargalhadas. Nervosismo combinado com o desconhecido da situação, combinado com Ella saber que era ele.
Não me lembro da primeira palavra que trocaram, nem das outras 23 mil que se seguiram nessa tarde. Mas lembro-me da palavra para a qual Ella olhou quando a sua timidez a obrigou a refugiar o olhar no livro.
Foi Roma. E Roma, ao contrário, lê-se amor.
quinta-feira, março 02, 2023
quarta-feira, março 01, 2023
segunda-feira, fevereiro 27, 2023
Parce que c'était lui. Parce que c'était moi.
Conheceram-se ontem.
quinta-feira, fevereiro 23, 2023
Linhas tortas
domingo, janeiro 22, 2023
Túlipas amarelas
Pouco tempo em Amesterdão. O suficiente para perceber que tenho voltar a passear por aquelas ruas. O suficiente para perceber que tenho de me sentar a beber um copo de vinho num qualquer barco, num qualquer canal. Estava frio quando estive em Amesterdão. Não muito. O suficiente para eu achar que está muito frio. Não é preciso muito. Já foi preciso mais. Para eu achar que está frio.
A Night-Blooming toca. A primeira vez que a ouvi estava em Amesterdão. Sempre que a oiço (ouço? - ambas as formas são corretas - ok) transporto-me para o momento em que perguntei o que estava a tocar. Sempre que a oiço apetece-me dançar. E danço. E estou no meio de uma sala cheia de gente. E não vejo ninguém. E mexo-me e salto de um lado para o outro. E o cabelo abana. E os braços vão para a cima e para baixo. E um sorriso forma-se. E quase que me emociono com esta imagem.
Já dancei muitas vezes embalada por esta voz e por esta batida em crescendo. Apetece-me dançar agora. Dançar mais uma volta antes de continuar a escrever. Será que escrevo de forma diferentes se for dançar e depois voltar? Será que volto com outras ideias? Não, não vou testar agora. Está frio e as duas mantas em cima de mim geram um certo impedimento. No entanto, o sorriso não sofre impedimentos e rasga-me a cara.
Only in darkness does the flower take hold, it blooms at night. Preciso da escuridão, da noite, de me perder, de me enterrar em sensações e ideias tenebrosas. Perco todo o otimismo e a esperança dissipa-se do meu universo. Tudo negro para que aos poucos possa voltar a deixar a luz entrar. A luz volta sempre a entrar. Há sempre uma fissura que chama a claridade e, pouco a pouco, permito-me voltar a ver o mundo através das lentes boas. Através das lentes que devia usar todo o tempo, porque está tudo bem, porque se deixa a vida andar, porque não tem de ser tudo complicado. Será que consigo fazer a escolha sensata da próxima vez que for invadida pelo dark side? Será que consigo controlar isto? Sei lá. A informação está presente, mas também sei que às vezes é preciso irmos dar um passeio ao fundo de nós para voltarmos iluminados. Para sermos mais nós.
Por agora fico com a música. Com esta e com todas as outras que me embalam e dão mais sentido aos meus dias.
E deixo-me maravilhar com a conclusão que sempre tive uma flor favorita.
sexta-feira, janeiro 20, 2023
segunda-feira, janeiro 16, 2023
Quando a felicidade mete medo
Pensar. Pensar em como vou sair deste estado. Primeiro gostava de perceber o que me fez chegar a este estado. O que foi? Ontem parecia estar tudo bem. Hoje acordo e o mundo está escuro, cinzento, negro. Todas as cores supostamente representativas de algo mau. Entro em mim. Durmo. Acordo. Cansaço. Arrumo. Arrumo porque procuro ordem. Procuro ordem na minha cabeça e não a encontro. Busco então por ela no mundo físico. Tenho a cabeça desordenada porquê? Parecias estar tão bem. Sempre que falas no assunto dás ênfase ao equilíbrio. Estarás tu a mentir a ti própria mais uma vez? Outra vez? A sério... Cresce.
Vou desistir destas merdas.
E agora? E agora está tudo na mesma. Vejo o mundo escuro. Hoje está tudo tão escuro. Não me lembro de te ver assim. Sentes que estás fora de controlo. O resto do mundo mantem-se funcional e tu... tu deixaste-te cair. Lembra-te que é hoje. Só hoje.
Dá-me palavras que confirmem que não foi mais uma ilusão. Deve ter sido. É assim que funciona. Tu estás sozinha aqui e vais sempre estar. É a realidade que todos temos medo de encarar. Podes contar contigo e só contigo. As outras merdas são ilusões momentâneas que alimentam ciclos da vida para que formemos recordações, para que acreditemos que sim, que isto até vale a pena.
domingo, janeiro 08, 2023
Sensações
sexta-feira, janeiro 06, 2023
Tintas
Há sempre um céu.
Há sempre caos.
Há sempre reencontro.
domingo, dezembro 18, 2022
Ausência de coragem
É tão mágico que um instrumento consiga expressar tudo aquilo que eu te quero dizer e não consigo.
domingo, setembro 11, 2022
terça-feira, agosto 16, 2022
Gustav
Mahler plays.
Well, not Mahler, but his symphony.
Birds fly by my window and the sky is so beautifully blue.
I sit on the floor.
This is just too much to be felt on a soft surface. The piano plays harder. I get softer. Within myself lie all of the unanswered questions the world has ever asked.
Hey, how are you managing so much pain?
The music. The music makes my heart smile through it. It's hurting, yes.. Every step of the way. Not gonna lie. But it's a pain that I have to feel. I need to feel all of this. So I can eventually walk away from it.
No, walking away is not possible. You know too much, baby. And you just love to feel everything so deeply. You need it. You crave it. You're not yourself without it.
Oh, how I wish I could help you get through it. Clear up all of your thoughts. Scrub away all of the pain they caused. Put a bit of make-up over all of the scars.
Go. Pour yourself another glass of wine. It's fine. Eitherway, you're a great kisser.
The symphony keeps playing. You keep on feeling every stroke of the piano deep inside of your skin. You're happy.
It hurts.
After all of this... You will have grown a bit more, get to know yourself a little bit better and maybe, just maybe, it won't hurt as much as before.
sábado, agosto 13, 2022
Avisa-me quando chegares a casa
Não foi só uma palavra.
Foram muitas as palavras trocadas.
Palavras trocam-se.
Alguém forma uma ideia sobre ti e sobre mim.
Uma ideia apenas.
É difícil dar a conhecer todos os enredos que nos transformaram naquilo que somos.
É difícil explicar os eventos que foram dando forma às nossas ideias, às nossas manias, aos nossos medos.
Apesar de tudo, vamos tentando.
Vamos trocando enredos uns com uns outros.
Vamo-nos identificando com histórias e ideias.
Vamo-nos aproximando ou afastando de alguém.
Vamos pedindo para nos avisarem quando chegarem a casa com a esperança que um dia a frase se faça sentir cá dentro e se faça sentir na outra pessoa.
Já pedi para me avisarem. Já me pediram a mim para avisar.
Ainda não percebi quando te vou pedir a ti.
sexta-feira, agosto 05, 2022
The dance
segunda-feira, agosto 01, 2022
sexta-feira, julho 22, 2022
Chão e Alcatifas
sábado, julho 16, 2022
Gostava de usar o teu nome nas costas
Vestir a tua camisola antiga, no dia seguinte, de manhã cedo.
Aquela do clube em que jogavas quando eras pequeno.
terça-feira, julho 05, 2022
Deambulando apaixono-me
Pela miúda que me atendeu no Starbucks do aeroporto.
Pelo rapaz no mercado de rua.
Pelo sorriso da mulher que me disse bom dia ao sair da escola.
Pelo gajo dentro daquela loja de roupas. Que perfil, que jawline, que olhar.
Pela simpatia da Ivonne.
Por aquele gajo no parque das montanhas.
Pelo bigode irritante do gajo no comboio.
Pela cor dos olhos da miúda sentada à minha frente no avião.
Pela presença presente dos putos e por me terem lembrado que sou uma criança.
Pelo gajo que vageou sozinho pelo palco.
Pelas coisinhas brancas que voavam por todo o lado.
Pelo pai, o filho e o avô a darem toques na bola.
Pela forma como o R. disse: "confia em mim".
Pelos arrepios que as mãos fizeram o meu corpo produzir.
Pelo livro que ninguém me disse para ler.
Pelos shining eyes para os quais o D. me alertou.
Pelos novos caminhos que descobri querer escrever.
E um dia
vou-me apaixonar por ti.
sexta-feira, julho 01, 2022
Apaixonada
Apaixonada pela palavra APAIXONADA.
APAIXONADA apaixona-me o cérebro.
O cérebro de um apaixonado sofre de uma moca natural e constante.
É habitado por uma neblina saudável(?).
Apaixonada por ti.
Apaixonado por mim.
Acho que me estou a apaixonar por ti.
Uma apaixonado também se esconde.
Uma apaixonada pode não perceber.
Apaixona-me essa paixão que tens por gestos mundanos.
Se me apaixonar...
Depois de te conhecer...
Fim da vida como a conheço.
Apaixona-me.
Apaixono-me devagarinho por ti.
sábado, junho 25, 2022
Fila do supermercado
quinta-feira, junho 23, 2022
Wicked game
sábado, junho 11, 2022
Qual é a tua ideia?
Dizeres que vens e que vais.
Qual é a tua ideia?
Mostrares vontade de me vires dares um beijinho?
Qual é a tua ideia?
Passarem os dias e não dares notícias.
Qual é a tua ideia?
Mexeres comigo um bocadinho outra vez.
Qual é a tua ideia?
Não te posso dar nada.
Qual é a tua ideia?
Esta história já foi escrita.
Qual é a tua ideia?
Eu nunca acreditaria.
Qual é a tua ideia?
Nós nunca faríamos sentido.
Qual é a a tua ideia?
Já passou demasiado tempo, sei demasiadas coisas sobre ti.
Qual é a tua ideia?
Por favor, nunca mais roubes nenhuma ideia de mim.
sexta-feira, junho 10, 2022
Farô x 3
domingo, junho 05, 2022
Impecável
Costumas vir aqui?
Sim, costumo estar no meio da rua, entre multidões de pessoas, enquanto música popular é cantada de uma varanda e o ar está envolto de cheiro a sardinhas.
Impecável...
quarta-feira, junho 01, 2022
Máquina de escrever
domingo, maio 29, 2022
segunda-feira, maio 23, 2022
A boleia
quinta-feira, maio 12, 2022
Inquieta
"O destino, quando lhe dá para aí, é capaz de escrever por linhas tortas e torcidas tão bem como Deus, ou melhor ainda."
Que se fodam os pensamentos alheios. Que se fodam ideias sobre mim. Que se foda quem não me viu. Que se fodam obrigações que achamos serem impostas. Que se foda se perco tempo perdida em mim. Que se foda o aspecto, a roupa da cama e as cores que não agradam a todos. Que se foda esconder-me. Que se foda que não gostes do meu gosto musical. Que se fodam os livros que não li, os assuntos sobre os quais não tenho opinião formada. Que se foda evitar dizer merdas com medo que não gostem. Que se foda achar que sou insegura. Que se foda quem não me acha piada. Que se foda tudo o que não importa. Que se foda também o que importa, porque inevitavelmente chega um dia em que deixa de importar. Que se foda quando bebo demasiado vinho. Que se foda que os vizinhos me oiçam a cantar. Que se foda quando oiço música de ir ao rabo. Que se foda se fui demasiado intensa, que se foda a ideia que passo, que se foda o que dizem. Que se foda a marca que deixo nas pessoas. Que se foda se não deixo marca nenhuma. Que se foda tudo o que foi. Que se foda o que podia ter sido. Que se foda não ter dito o que devia. Que se foda o tempo que demoro até ser eu com alguém. Que se foda não acreditar. Que se fodam as mensagens, os telefonemas e as cartas que se extraviaram. Que se foda o tempo que passa. Que se foda não estar preparada. Que se fodam as conversas sobre bebés. Que se foda o corpo cansado. Que se foda fugir. Que se foda evitar. Que se foda perder tempo. Que se foda não ver. Que se fodam as ligações especiais. Que se fodam os cabelos espalhados pelo chão. Que se foda a garrafa de água vazia. Que se foda o saco de boxe. Que se foda a roupa espalhada pelo quarto. Que se foda se pinto mal. Que se fodam as apps. Que se foda ter sempre a mesma conversa. Que se foda a roseira que quer morrer. Que se foda ter medo de dizer não. Que se fodam os cheiros que nos levam em viagens no tempo. Que se foda o tempo que estou a demorar a ler o livro. Que se fodam os poemas que não compreendi. Que se fodam os armários da cozinha. Que se foda a barata que queria entrar comigo no prédio. Que foda quem olha para mim. Que se fodam os números. Que se foda o calor. Que se fodam as almofadas a mais. Que se foda que o mercado esteja em baixo. Que se fodam os gráficos. Que se fodam os elefantes. Que se foda o telemóvel. Que se foda este computador. Que se foda a roupa para o casamento. Que se fodam os sapatos que ainda não comprei. Que se foda a transformação. Que se foda a guerra. Que se foda o amor. Que se foda a aranha que se atrapalhou e caiu. Que se foda a coerência. Que se fodam as ilusões. Que se fodam as opiniões.
"O destino, quando lhe dá para aí, é capaz de escrever por linhas tortas e torcidas tão bem como Deus, ou melhor ainda"
O resto?
Que se foda.
segunda-feira, maio 02, 2022
Chave do Euromilhões?
13.
15.
18.
27.
O mês especial sempre foi Maio.
History in reverse.
segunda-feira, abril 25, 2022
domingo, abril 24, 2022
Metamorfose
segunda-feira, abril 11, 2022
Não se dorme, divaga-se
Sempre gostei de observar o aparecimento das letras e consequentemente das palavras enquanto escrevo. Parece magia. A possibilidade de transportar um pensamento para uma página e perpetuá-lo. É mágico. Gosto mais de escrever em papel, mas às vezes apetece-me ouvir o "clic clac" das teclas quando tudo está em silêncio.
Venho aqui a esta hora tardia, porque não consigo dormir. Devias evitar olhar para o ecrã do computador então, Joana. Sim, já sei isso tudo. Hoje é uma daquelas noites em que sei que não vale a pena insistir. Não me acontece muitas vezes, mas hoje sei que preciso disto. Preciso de fugir do dilúvio de reminiscências que as sinapses me estão a entregar e tentar partir para outras ideias.
Isto foi desencadeado pelo filme que comecei a ver. Não, não foi só o filme. O filme ajudou porque me revi. Foi desencadeado pela decisão que tomei. Uma decisão que tinha de ser tomada mais cedo ou mais tarde. Eu acho que veio tarde. Que parva que sou. Que parva que fui. Ingenuidade? Talvez também um bocado. Acho que esperava mais de mim. Como é que depois de apenas um simples acontecimento perdi o equilíbrio da maneira que perdi? Não sei. Gostava de ter sentido as coisas de uma maneira menos infantil. Mas será que tinha sido tão genuíno como foi, se não tivesse agido apenas com o lado emocional? Por muito que me custe admitir, sei que tudo o que aconteceu não podia ter acontecido de outra forma.
Os sentidos novos que ando a encontrar vão ser a alavanca para isto tudo mudar. Não vou cometer o mesmo erro de há uns anos atrás. Por muito pouco, não me deixei afogar. Estava-me a deixar ir agora, bem lá para o fundo, por isso é que precisei do ecrã. Do corte.
Só mais um dia e vou voar. Voar daqui para fora, mudar de cenário. Outros cenários dão-me sempre a possibilidade de enraizar mais as ideias novas ou descobrir o que realmente preciso de fazer para avançar para onde quero. Há uns meses tive uma mudança de perspectiva em relação ao que gostava de construir daqui para a frente e é nessa direção que quero ir, porque pela primeira vez em muito tempo tenho uma certeza. Fui sempre fazendo as coisas no limite. Agora não quero que seja assim, mas para isso também tenho de parar de fazer merdas que me mantém acorrentada a abstrações que não passam de falsas crenças. Temos constantemente falsas crenças e damos significados às coisas que fazem com que seja muito mais difícil desprendermo-nos delas. Acreditamos e agarramos uma ideia por causa do significado que lhe atribuímos. A maior parte das vezes, o significado atribuído a algo, não passa de uma fabricação da nossa cabeça - que só está dentro da nossa cabeça, ou seja, não nos define! Estes produtos da nossa cabeça, podem então ser modificados quando nós quisermos, quando nós decidirmos e quando formos capazes. Há significados mais difíceis de transformar do que outros obviamente, mas acho que o poder está em saber que existe a possibilidade de o fazer, que não estamos entregues e ancorados a traumas do passado ou a determinadas ideias sobre nós próprios. Cada momento novo é um momento novo e nós podemos escolher quem queremos ser a partir de cada novo momento que criamos para nós. Temos de transformar os significados que demos a determinados acontecimentos, ou até a pessoas, para podermos realmente avançar com a cabeça resolvida ("não tenhamos pressa, mas não percamos tempo"). Se todo este processo fosse fácil, eu não estava a escrever sobre ele às 3h23 da manhã.
Por agora chega. Vou tentar processar o resto das ideias a uma hora mais sã. Talvez o faça no avião. Sim, dentro do avião existe um tempo que não existe. Perfeito para divagações da madrugada.


